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mês de estreias

O mês mais curto do ano passou mesmo muito depressa, entre dois novos programas do ars ad hoc.

Começámos, logo no dia 1, na companhia de Ricardo Carvalho, flautista do ars ad hoc, no Museu de Aveiro / Santa Joana. Mais sentados do que o habitual, abrimos a sessão ‘Que música ouvimos?‘ no auditório do museu a ouvir um pouco da História da nossa cidade, contada por José António Christo. Enquanto convidado da sessão, Ricardo Carvalho trouxe-nos duas obras distintas que relacionou entre si: um excerto da Suite nº 2 do bailado Daphnis et Chloé, de Maurice Ravel (1875 – 1937) e Canticus Arcticus [1972] do finlandês Einojuhani Rautavaara (1928 – 2016). Enaltecendo o o extraordinário trabalho do convidado e a humildade com que o encara, Ana Cancela respondeu com um excerto da transcrição do próprio Ricardo da obra “Trois mouvements de Pétrouchka”, de Igor Stravinsky (1882 – 1971), e ainda com Dérive I [1984], de Pierre Boulez (1925 – 2016), que o ars ad hoc interpretará no Auditório de Serralves, no próximo mês de Junho, assinalando o centenário do nascimento daquele compositor francês.

© André Delhaye | Quarteto de cordas nº 1 de M. Vieira
© André Delhaye | Quarteto de cordas nº 2 de Bianchi

Seguiu-se uma semana de muito trabalho e um concerto do ars ad hoc no Auditório de Serralves (9 de Fevereiro, 18h00) em que, a par da interpretação dos quartetos de cordas de Mariana Vieira (Sintra, 1997) e de Oscar Bianchi (Milão, 1975), se ouviu pela primeira vez o quinteto a [2024], de Pedro Berardinelli (Viseu, 1985) – obra resultante de co-encomenda da Arte no Tempo e do Platypus ensemble, financiada pela Direcção-Geral das Artes e a SKE austro mechana – e o septeto Luís Salgueiro (Montemor-o-Novo, 1993), encomenda da Arte no Tempo para o ars ad hoc, financiada pela Direcção-Geral das Artes. Foi um programa especial que, apesar da imprevisibilidade do resultado das encomendas, acabou por ser bastante consistente e variado.

©André Delhaye | final do quinteto ‘a’ [2024], de Pedro Berardinelli (1985)
©André Delhaye | mir nichts, dir nichts [2024], de Luís Salgueiro (1993)
© A. Delhaye > Mariana Vieira, Pedro Berardinelli, ars ad hoc (Diogo Coelho, Matilde Loureiro, João Casimiro Almeida, Francisco Lourenço, Gonçalo Lélis , Horácio Ferreira e Ricardo Carvalho) e Luís Salgueiro. 09.02.2025

Novo período de intenso trabalho conduziu à estreia em território nacional do Trio III [2008], do compositor madrileno José Manuel López López (1956), nos concertos de 22 e 23 de Fevereiro, respectivamente no Teatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave (16h00), e no Teatro Cinema, em Fafe (17h00). Estes dois concertos de trio com piano incluíram ainda as 7 Variações sobre ‘Bei Männern, welche Liebe fühlen’, WoO 46 [1801], para violoncelo e piano, de Beethoven (1770 – 1827) e, do mesmo compositor, o Trio Op. 11 em si bemol maior [1797].

Nestes programas ‘clássicos vs contemporânes’, o ars ad hoc conta não apenas com o apoio dos Municípios e da Direcção-Geral das Artes, mas também com o inestimável apoio do Banco BPI | Fundação ‘la Caixa’. O final de ambos os concertos foi agradavelmente preenchido com diálogo informal com o curioso público.

O mês de Fevereiro termina com o lançamento do episódio 38 do podcast Vortex Temporum. A compositora sérvia Sara Stevanović (1998) fala-nos de cultura de cancelamento, partindo das suas reflexões sobre a obra ‘IIdeologiemaschinen: Wie Cancel Culture funktioniert (update gesellschaft)’ [2024], de Harry Lehmann. No título do episódio, alude intencionalmente ao do alemão Johannes Kreidler (VT015).

[26.02.2025]