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Outubro em revista

O mês de Outubro trouxe consigo o regresso das sessões de escuta partilhada, no Museu de Aveiro / Santa Joana – ‘Que música ouvimos?‘ – e o primeiro convidado foi Alberto Souto, antigo Presidente da Câmara Municipal de Aveiro.

No dia 7 de Outubro, a tarde começou com o Director do Museu, José António Christo, a conduzir um grupo bem composto numa visita à Igreja de Jesus, onde enalteceu o trabalho do avô do convidado da sessão (Alberto Souto, avô, foi director do Museu de Aveiro entre 1925 e 1958) e nos falou um pouco sobre a história do altar de Nª Sra do Rosário (cujo dia se assinalava precisamente a 7 de Outubro). Com a sua conhecida eloquência, Alberto Souto (1958) falou-nos das duas peças que havia trazido consigo: O grande pórtico de Kiev, de Modest Mussorgsky, interpretado por Domingos António, e o o Adagio em sol menor atribuído a Albinoni, numa versão para órgão e orquestras de cordas.

A contraproposta da Arte no Tempo foi a Opus 1 do mais internacional dos compositores portugueses: Degrés [1965], para trio de cordas, de Emmanuel Nunes (1941 – 2012) – obra que o ars ad hoc havia interpretado em Setembro passado, no Auditório de Serralves, e que voltaria a interpretar no domingo seguinte, 15 de Outubro, no Museu Nacional de Arte Contemporânea / Museu do Chiado.

Neste recital de trio de cordas, com uma pequena sala bem cheia em que, além do trio de Emmanuel Nunes, o ars ad hoc interpretou música de Daniela Terranova (1977) e György Kurtág (1926), contámos com a presença do compositor João Moreira (2004), que veio assistir à sexta execução do trio Atropos [2022] que compôs para o agrupamento da Arte no Tempo, na altura ainda com apenas 18 anos de idade.

Os compositores do mês, no âmbito do podcast Vortex Temporum foram, foram a tajique-canadiana Farangis Nurulla-Khoja (Dushanbe, 1972) e o austríaco Clemens Gadenstätter (Zell am See, 1966). A primeira faz-nos um relato comovente em torno da memória e nomadismo – da sua, de emigrante, mas também de refugiados com quem trabalhou em centros de acolhimento. O segundo partilha reflexões mais intelectuais sobre os meandros da percepção em relação com a arte de compor.

[30.10.2023]