Começa hoje a bienal Aveiro_Síntese, projecto dedicado a divulgar e fomentar a criação de música electroacústica.
Vinte anos após a criação do primeiro festival Aveiro_Síntese, a edição de 2022 conta com a presença de Joanna Bailie (Londres, 1973), compositora que tem estado em Aveiro nos últimos dias a desenvolver um trabalho de gravações de campo para a elaboração de uma nova obra que a Arte no Tempo trará a público na próxima temporada.
A britânica Joanna Bailie, que este mês está também em destaque no podcast Vortex Temporum, abre a bienal com a apresentação de dois filmes experimentais da sua autoria, na Sala Principal do Teatro Aveirense. Legendados em português e tematicamente relacionados entre si, Grand Tour [2015] e A giant creeps out of a keyhole [2021] serão esta noite exibidos em estreia nacional (21h30). Esta última – encomenda do Festival Musica Strasbourg e do Ensemble Contrechamps Genebra, conta com a participação do agrupamento suíço, direcção de Lin Liao, composição, vídeo, electrónica e voz de Joanna Bailie, registo de Benjamin Bard e edição de David Poissonnier – trata da ideia de viagem, em sentido lato, abordando as histórias de dois artistas migrantes distintos, interligadas pelo subúrbio do sudoeste londrino.
The Grand Tour, que aborda questões de memória, reconstrução e amostragem de media,foi estreado em 2016 na Galeria DAAD, em Berlim, cidade para onde Bailie se mudou (e que será tema de outro concerto da bienal).
Joanna Bailie estudou no Instituto de Sonologia, em Haia, e na Universidade Columbia, completou o seu doutoramento na City, University of London. A sua música tem sido apresentada em importantes festivais como Donaueschinger Musiktage, Bienal de Veneza, Festival de Huddersfield, MaerzMusik, Musica Strasbourg e Darmstadt. As suas obras mais recentes estendem-se da música de câmara à instalação, caracterizando-se pela manipulação de gravações de campo e outros meios em conjugação com instrumentos acústicos. Co-fundadora do Plus-Minus Ensemble, que o Teatro Aveirense acolhe em Outubro próximo, foi também curadora convidada do SPOR Festival em Aarhus (2010) e programou e produziu o Splice Festival para a BBC Radio 3 (2015), dedicando algum do seu tempo ao ensino em diferentes instituições e festivais, de se que se destaca HMDK Stuttgart, University of London e Cursos de verão de nova música em Darmstadt.
Após a apresentação destas duas obras, Joanna Bailie e Carlos Santos (Lisboa, 1967) abrem as respectivas instalações, cerca das 22h30. No foyer da Sala Principal, Carlos Santos – artista sonoro e de música electroacústica, activo desde os anos noventa – apresenta insomnia hyperacusis [2022], instalação sonora em quatro canais que criou por encomenda da Arte no Tempo com financiamento da Direcção Geral das Artes, explorando a “dicotomia entre sono/sonolência/sonho (morpheus) e a sensibilidade ao som, usando materiais sonoros de diferentes origens, organizados de forma a revelar um jogo de subtilezas que cria uma intrincada teia sonora”.
Subindo à Sala Estúdio, Bailie apresenta a adaptação de uma criação sua para a edição de 2021 do Festival Labor Sonor (Berlim): Reverse-side [2021], dupla instalação vídeo em quadrifonia, na qual a autora reflecte sobre como será vivenciar o “outro lado” de um som ou de uma imagem.
Desenrolando-se de quinta-feira a domingo, nos dois últimos fins-de-semana de Maio, a actividade pública da bienal Aveiro_Síntese – um projecto da Arte no Tempo produzido em parceria com o Teatro Aveirense, com o apoio da Direcção Geral das Artes e da Câmara Municipal de Aveiro – está disponível em artenotempo.pt/aveiro_sintese-2022/
[19.05.2022]