Menu Fechar

em Marvão, antes das férias

Há cerca de um mês, o ars ad hoc encerrava a sua quinta temporada (e também a da Arte no Tempo), naquele que consideramos o espaço mais acolhedor de Marvão: a Igreja de São Tiago. Foi lá que o grupo se apresentou com mais um programa ‘clássico vs contemporâneo’, com dois trios de cordas e dois quintetos pierrot, estreando-se no Festival Internacional de Música de Marvão.

A iniciar, Diogo Coelho, Ricardo Gaspar e Gonçalo Lélis deram a escutar a obra Atropos – para trio de cordas [2022], de João Moreira (2004), que certamente soou ‘esquisita’ para a maioria dos presentes, não porque os músicos não tenham feito um excelente trabalho, mas porque o público de Marvão é tendencialmente ouvinte de música mais antiga. Para regozijo desse mesmo público, logo de seguida ouviu-se o Trio de cordas em Si bemol maior D581 [1817], de Franz Schubert (1797 – 1828).

Já em formação de quinteto, com Ricardo Carvalho, Horácio Ferreira e João Casimiro Almeida, o ars ad hoc voltou a avançar no tempo, interpretando um grande clássico do século XX, a brilhante Talea [1982], de Gérard Grisey (1946-1998), uma das mais geniais obras originalmente compostas para quinteto pierrot, que muito bem resiste à passagem do tempo.

A obra que parece ter sido melhor recebida foi Trois Mouvements de Pétrouchka [1921], de Igor Stravinsky (1882-1971), na muito aplaudida transcrição do flautista do grupo, Ricardo Carvalho.

A calorosa reacção do público e o resultado artístico alcançado deixaram o ars ad hoc entrar em férias com a sensação de dever cumprido.

[28.08.2023]