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A palavra aos compositores

RicardoGuerreiro

Ricardo Guerreiro é o primeiro compositor a apresentar-se na primeira pessoa, esta semana, no Círculo das 5as.

A Arte no Tempo está de volta ao Museu Arte Nova (27 Outubro 2016).

O Museu Arte Nova volta a acolher, esta semana, as conversas da Arte no Tempo. Conforme já foi anunciado, os ciclos de sessões semanais dão, nesta temporada, lugar a um único ciclo de uma sessão por mês, que se inicia este mês e se estende até Maio próximo.

Dando continuidade aos dois ciclos Compositores na primeira pessoa que a Arte no Tempo apresentou no Museu Arte Nova nas temporadas de 2013/14 e 2014/15, em que Cândido Lima, António Pinho Vargas, António Chagas Rosa, Virgílio Melo, Isabel Soveral e Carlos Caires, entre outros, partilharam com o público algumas reflexões sobre a sua música ilustradas com a audição de excertos de sua autoria, os compositores convidados em 2016/17 têm a particularidade de todos eles integrarem a utilização de meios electroacústicos no seu trabalho de composição.

RicardoGuerreiroO primeiro desses convidados é Ricardo Guerreiro (Lisboa, 1975): compositor de música electrónica, com especial interesse na descrição algorítmica do fenómeno sonoro, apresenta um percurso discreto e sui generis, fiel às suas mais profundas convicções de natureza artística.

Antes de partir para Itália, onde estudou Música Electrónica com Alvise Vidolin, no Conservatório “Benedetto Marcello” (Veneza), Ricardo Guerreiro visitou Aveiro com regularidade. Nesses anos de transição de milénio, partilhava de uma certa cumplicidade que por aqui se vivia ao fazer acontecer a nova música numa cidade tão improvável, enquanto concluia o curso de Composição na Escola Superior de Música de Lisboa. 
Em Veneza embrenhou-se na música de Luigi Nono (1924-1990), ao mesmo tempo que desenvolvia a sua forma maturada de reflectir sobre diversas questões relacionadas com a criação musical. Frequentou também os seminários semestrais de Estética e de Iconologia de Giorgio Agamben, nas Universidades de Verona e de Veneza.

De volta a Portugal, depois de mais estudos na Universidade Nova de Lisboa (Ciências Musicais), doutorou-se em “Informática Musical / Computer Music”, pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, mas é longe do meio académico que a sua música acontece. Trilhando sempre um caminho próprio, de uma intensa busca interior que recusou todo o género de facilitismos, Ricardo Guerreiro tem colaborado com diferentes músicos, partilhando “situações performativas de contexto diversificado” com Emídio Buchinho, Ernesto Rodrigues, Abdul Moimême e vários outros, de que resultam registos discográficos tão poéticos e depurados como Late Summer (Creative Sources Recordings: CS230).

Guerreiro criou e orientou o Laboratório de Som e Composição do curso de Cinema do Ar.Co (Centro de Arte e Comunicação Visual, 2004-2014), ensinou nos cursos de Produção Multimédia Interactiva e de Design Sonoro no Instituto Politécnico de Estudos Autónomos (2010-2013), colaborando, como formador, na Escola Técnica de Comunicação e Arte e na Escola Profissional de Imagem, desde 2007.

Após a sua participação no festival Aveiro_Síntese em Abril passado, Guerreiro regressa esta noite para nos desvendar um pouco desse percurso que o conduziu às questões que trabalhou no doutoramento, bem como trazer para a discussão os pontos que hoje lhe parecem fulcrais no que diz respeito à criação musical, no contexto em que se insere.

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Este Círculo das 5as (que substitui as sessões de “Música no Museu”) reúne-se às 21h30 na última quinta-feira de cada mês e, para além de Ricardo Guerreiro, trará a Aveiro Pedro Amaral, António Sousa Dias, Jaime Reis, Tiago Cutileiro, Rui Dias e ainda um pequeno grupo de novíssimos compositores. A entrada é feita pelo portão que dá acesso à Casa de Chá, no Largo da Praça do Peixe, e o acesso é livre.

[a partir do texto que será publicado no Diário de Aveiro de 27 de Outubro de 2016]