Iniciámos o mês de Março com a habitual sessão ‘Que música ouvimos?‘, no Museu de Aveiro / Santa Joana, desta vez na companhia de Marco Ramos, Psicólogo aveirense que nos trouxe duas propostas muito contrastantes: Thomas Tallis (Lamentations of Jeremiah I) e Johan Halvorsen (Passacaglia e Sarabanda, com variações sobre um tema de Hãndel). Bom conversador, Marco Ramos tornou a sessão curta e leve, recebendo como contraproposta musical um excerto do Trio III [2008], de José Manuel López López (Madrid, 1956), que o ars ad hoc havia apresentado pela primeira vez em portugal alguns dias antes (em Riba d’Ave e Fafe).


Na segunda semana do mês, o ars ad hoc regressou ao Teatro Aveirense para partilhar o seu trabalho com público escolar. Com uma proposta um pouquinho diferente, desta vez o grupo de câmara da Arte no Tempo esteve com alunos do Agrupamento de Escolas Mário Sacramento, dando a escutar música de José Manuel López López e Beethoven, para além de Stravinsky/Carvalho, Debussy e Clara Iannotta.




A 19 de Março, também no Teatro Aveirense, decorreu o Tubo de Ensaio #11 (segundo desta temporada). Às 21h30, o Between Feathers apresentou ao público um programa composto por cinco obras. Em números, foram duas estreias absolutas, duas estreias nacionais e duas obras de compositores portugueses que se alinharam num programa muito diverso, em que a primeira a última obras se inscrevem numa estética semelhante.
O concerto começou com a incrível Invocation VI [2003], de Beat Furrer (1954), brilhantemente interpretada pela soprano Beatriz Gaudêncio Ramos e pela flautista Audrey G. Perreault. Seguiu-se a estreia absoluta de alapaap [2024],
para flauta, acordeão e percussão, da compositora filipina Feliz Anne Reyes-Macahis (1987). A segunda estreia da noite viria logo a seguir, com éternelle [2025],
obra para soprano, flauta, acordeão e percussão, que David Teixeira da Silva (2002) compôs enquanto compositor seleccionado no âmbito duma chamada lançada pela Arte no Tempo no início da temporada. Mais antiga, mas interpretada em estreia nacional, Hyperoxic [2011], da compositora sueca Malin Bång (1974), é uma obra para flauta baixo e dois performers que vive da exploração do ar. Além da flauta, os músicos recorrem a um conjunto de objectos para a produção de som. Por fim, também em estreia nacional, o Between Feathers interpretou magistralmente (des)en)canto) [2022], de Pedro Berardinelli (1985), uma partitura
para soprano, flauta, acordeão e percussão simultaneamente enérgica e delicada, muito articulada e cheia de nuances tímbricas.
No final, os músicos do grupo falaram um pouco sobre o programa que apresentaram, o trabalho que desenvolvem e o seu contexto.


No dia seguinte, iniciámos, no Festival Música em Leiria (dia 20, 19h30, Igreja da Misericórdia), uma pequena digressão de três concertos ‘clássicos vs contemporâneos‘ (o programa para o qual o ars ad hoc conta com o apoio do Banco BPI | Fundação ‘la Caixa’), que passou por Sever do Vouga (dia 21, 21h30, Centro das Artes do Espectáculo) e terminando em Resende (dia 22, 18h15, Igreja de Santa Maria de Cárquere).
Apesar da chuva, o público de Leiria e de Sever do Vouga não ficou em casa e recebeu calorosamente a interpretação do ars ad hoc do Quarteto nº 1 [2023], de Mariana Vieira (1997), do Quarteto de cordas de Maurice Ravel (1875 – 1937), e do segundo quarteto de cordas, Pathos of Distance [2017] de Oscar Bianchi (1975).


Em Sever do Vouga, integrado no ciclo ‘Anúncios da Primavera’, o concerto contou com apresentação de Jorge Castro Ribeiro. Apesar da intimidante chuva, o público de Leiria e de Sever do Vouga não ficou em casa, reagindo entusiasticamente ao programa. Embora menos numeroso, o público de Resende reagiu simpaticamente ao programa, mas o frio impediu que se apresentasse o programa completo.
Dias antes de estrear, no MaerzMusik, a sua obra multimedia “Who-He-Huh” [2024], para cantora e electrónica fixa, a compositora israelita Sivan Cohen Elias (Jerusalém, 1976) partlihou com o público do podcast Vortex Temporum uma conversa que teve com o marido e colaborador, Rey Hulme, sobre ‘sound puppetry’, tema muitíssimo presente no seu trabalho de composição musical.
[31.03.2025]