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Finalmente, aah: Louise Bourgeois

O concerto era para ter acontecido a 16 de Setembro, mas houve uma companhia aérea que trocou as voltas ao ars ad hoc, obrigando ao adiamento do concerto paralelo aos últimos dias da exposição Louise Bourgeois: deslaçar um tormento (patente no Museu de Serralves até 19 de Setembro passado). É assim que, encerrada a exposição e volvido um mês sobre a apresentação do primeiro programa da sua temporada regular, o ars ad hoc regressa a Serralves para a interpretação do programa dedicado à artista franco-americana.

Evocamos o que dissemos em Setembro a propósito do assunto. “Fortemente impulsionado pelo programador musical do Museu, Pedro Rocha, o programa reúne música de três compositoras norte-americanas, a que a Arte no Tempo juntou um novo trio encomendado para a ocasião.

Por duas vezes, Mary Jane Leach (1949) parte do universo de John Dowland para explorar uma certa melancolia servindo-se da flauta como meio de expressão. A primeira delas ocorre em Dowland’s Tears [2011], em que a compositora revisita Lachrymae, de Downland, dedicando esse trabalho a Manuel Zurria. No Auditório de Serralves, Ricardo Carvalho “contracena” ao vivo com as nove partes de flauta que gravou previamente.

De Anne LeBaron (1953), o ars ad hoc interpretará o trio de cordas Noh Reflections [1985], uma obra que se inspira no japonês teatro Noh.

Também norte-americana, Catherine Lamb (1982) reside actualmente em Berlim e é de sua autoria o trio three bodies (moving) [2009/10], para violino, violoncelo e clarinete baixo, com que o ars ad hoc encerrará o concerto. Nele, a compositora “cria um extenso campo espacio-temporal onde se entretece um manto musical pontuado por discretas flutuações e respirações expressivas.”

À luso-espanhola Inés Badalo (1989) foi pedido que escrevesse um terceiro trio para este programa de mulheres compositoras”, cuja estreia acabou por caber ao agrupamento germânico hand werk (no Teatro Aveirense, 8 de Outubro).

“I came from a family of repairers. The spider is a repairer. If you bash into the web of a spider, she doesn’t get mad. She weaves and repairs it.” Foi a partir desta ideia de Bourgeois que a própria compositora construiu Grid [2021], para flauta, clarinete e violoncelo.

Ricardo Carvalho <flauta> Horácio Ferreira <clarinete> Diogo Coelho <violino> Francisco Lourenço <viola> Gonçalo Lélis <violoncelo>

[1. Novembro. 2021]