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Aveiro_Síntese

Um dos projectos que se encontram na génese da Arte no Tempo é o festival Aveiro_Síntese, surgido em 2002 como uma concisa resposta às dificuldades inerentes à realização de um ciclo de concertos de música electroacústica dispersos pela temporada.
A programação do 1º Aveiro_Síntese assentava em linhas muito claras que ainda hoje se revelam pertinentes: cada concerto propunha a escuta de um obra de referência, uma obra de autor português e uma selecção de peças elaborada por alguém convidado a partilhar as suas escolhas (um compositor ou alguém associado a um estúdio internacional).
A ausência de financiamento no ano seguinte fez com que o 2º Aveiro_Síntese- que traria a Portugal Jonathan Harvey e John Chowning, preparando-se para reunir num mesmo evento os três grandes pioneiros da música por computador- Max Mathews, John Chowning e Jean-Claude Risset- tivesse que ser cancelado.
A presença da Arte no Tempo (tornada hábito) em actividades no Museu Arte Nova, a realização de alguns concertos e colaborações fora da cidade e, por fim, a concretização do desejo de reunir em Aveiro os antigos convidados (ainda vivos), em Setembro de 2015, abriram caminho para o regresso a este espaço de vivência da música electroacústica, cuja ausência, no contexto em que se insere, nunca deixou de se fazer notar.
Retoma-se então, em 2016, o evento que associa a cidade a um meio em permanente expansão, cujas fronteiras de género se afiguram cada vez mais ténues. Mais modesto ainda (os 11 concertos de 2002 seria, então, apenas 5, mas repetidos em diferentes cidades, corroborando a urgência do estabelecimento de redes de circulação para propostas que escapam à cultura de massas), o Aveiro_Síntese 2016 manteve o compromisso com o grande repertório electroacústico (paradoxalmente pouquíssimo divulgado numa era em que a tudo se acede facilmente) e, sem dúvida, com a música de autores portugueses (agora reforçada com a abertura de uma janela para o trabalho daqueles que se encontram ainda em formação). No entanto, incluiu também a possibilidade de englobar ‘novos’ formatos, como a realização de concertos monográficos (o que aconteceu com a primeira visita do compositor Michael Edwards a Portugal) e de concertos programados por músicos convidados (como aconteceu com o trio Ruído Vermelho que, por essa ocasião, realizou a sua primeira digressão em Portugal, numa organização conjunta da Arte no Tempo e do Atelier de Composição).
Periódico ou irregular, reproduzindo o modelo original ou adaptando-se ao tempo e espaço que acompanha, desejou-se que o regresso do Aveiro_Síntese contrariasse a tendência efémera de todos os projectos que, dirigindo-se a todos, por poucos são procurados. Foi por isso que em 2018, já em parceria com o Teatro Aveirense, onde se “instalou” enquanto bienal, o Aveiro_Síntese integrou um primeiro projecto de criação comunitária, orientado por João Martins. Nessa mesma edição, não faltou a valorização da história, com a difusão de repertório e a presença de dois importantes vultos representando diferentes estéticas e abordagens: como John Chowning (1934) e Daniel Teruggi (1952), a o envolvimento de muitos músicos, quer profissionais, quer jovens em formação, na preparação e apresentação de diversas obras em estreia.
Se o primeiro Aveiro_Síntese beneficiou da ajuda desinteressada de várias pessoas e instituições, o segundo não seria possível sem a cumplicidade e envolvimento de todos os intervenientes, contando-se com o apoio do Museu Arte Nova, que permitiu a invasão dos sons pelo seu espaço acolhedor, e do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, que disponibilizou o equipamento necessário à realização do evento.
Em 2018, a obtenção de um apoio sustentado da Direcção Geral das Artes (que permitiu a aquisição de equipamento) e a parceria estabelecida com o Teatro Aveirense / Município de Aveiro vieram afirmar uma nova etapa na breve história do evento que, entretanto, conseguiu envolver mais pessoas, quer na interpretação e criação, quer na fruição da música electroacústica.
No atípico ano de 2020, o regresso da bienal esteve ameaçado pela pandemia de COVID-19, sendo a 4ª edição adiada de Maio para Agosto/Setembro. Alguns projectos ficaram pelo caminho, sendo substituídos por outros não menos significativos. O que importa é resistir e celebrar a música, sempre!
A partir de 2022, a bienal regressa ao mês de Maio, com tudo a que o público está habituado e algumas novidades.