A Orquestra XXI trará brevemente a público uma nova publicação de música de Francisco de Lacerda.
Além de revisitar obras do grande repertório, a Orquestra XXI tem tido a preocupação de interpretar música portuguesa e de abordar o repertório dos séculos XX e XXI.
No âmbito da sua quinta digressão, a música portuguesa encontra-se representada por dois poemas sinfónicos de Francisco de Lacerda (S. Jorge/Açores, 1869 – Lisboa, 1934), cuja obra orquestral urge redescobrir.
De norte a sul do país, a Orquestra XXI partilhará em concerto Dans le clair de lune e Almourol, expondo “a exímia mestria que o compositor possuía na criação de requintadas atmosferas orquestrais.
Dans le clair de lune ilustra, nuns fugazes cinco minutos de duração, um sofisticado e elegante chamamento da difusa luminosidade de uma noite de luar. Almourol, título emprestado do Castelo à guarda dos Cavaleiros da mítica Ordem dos Templários, é uma das partituras da sua literatura pianística que pôs em orquestra. (…) À semelhança de Dans le clair de lune, também Almourol se cinge ao curto modelo dos cinco breves minutos de duração. Se alguma refutação haveria a discriminar à constatável preferência do compositor pelas formas abreviadas, seria tão só a impossibilidade de escutarmos uma obra ampla, de um autor enorme como o foi Lacerda. Possuidor integral de todos os recursos que fazem um criador maior, talvez fosse a necessidade de fuga aos pesados modelos clássicos, já excessivamente extensos, ou o pouco tempo que lhe deixava a exigente e esforçada função de regência, para se dedicar com concisão ao labor da escrita musical… O artista versado, o músico excelso, o técnico apetrechado dedicou-se, sobretudo, à direcção de orquestra, deixando de alguma forma para trás o que poderia ter sido uma notável carreira de compositor.” (Pedro Junqueira Maia)
Considerando a importância e a beleza da música em questão, foi intenção da Orquestra XXI torná-la disponível ao público, para que mais estudiosos possam por ela interessar-se, para que mais maestros possam conhecê-la, para que orquestras por esse mundo fora tenham facilmente a possibilidade de ser confrontados com tal repertório.
Neste sentido, através da prestável colaboração do Museu de Angra do Heroísmo/Direção geral da Cultura dos Açores que autorizou este trabalho, a Orquestra XXI / Arte no Tempo trará a público a edição da partitura que agora serve de suporte à interpretação de Dans le clair de lune, disponibilizando-a gratuitamente, dentro de algumas semanas, no repositório electrónico de partituras mais visitado do mundo: International Music Score Library Project.