A sessão de Música no Museu desta semana será orientada por João Quinteiro, compositor formado em Aveiro que colabora nas sessões de divulgação da Arte no Tempo desde a criação do projecto Omnia Mutantur.
Depois de estudar guitarra clássica no Conservatório Regional de Música de Viseu, João Quinteiro (Lisboa, 1984) fez a Licenciatura em Ensino de Música (Composição) na Universidade de Aveiro, onde trabalhou com João Pedro Oliveira, Isabel Soveral, Evgueni Zouldikine e Virgílio Melo, ingressando de imediato no Mestrado em Filosofia (especialização em Estética), na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde realizou a Dissertação “Manifestações do sujeito-multiplicidade e do significado de Inconsciente em Fernando Pessoa na ópera ‘O Sonho’”, de Pedro Amaral. No mesmo ano em que concluiu o Mestrado em Filosofia, concluiu também o Mestrado em Composição (performance), na Universidade de Aveiro, com a dissertação ‘GOT LOST, linguagem e percepção na música de Helmut Lachenmann’, sob a orientação da Professora Helena Santana. Paralelamente, frequentou seminários de composição com Emmanuel Nunes, Brian Farneyhough, Edson Zampronha, Staffan Mossenmark, Flô Menezes e Helmut Lachenmann, entre outros. As suas obras têm sido estreadas por agrupamentos como a Orquestra Gulbenkian, o Ensemble 20/21 e o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa.
À sessão desta semana, João Quinteiro trará o tema sobre o qual se debruçou no seu Mestrado em Composição, estabelecendo uma ponte entre a filosofia de Friedrich Nietzsche e a música de Helmut Lachenmann.
“Em Outubro de 1996, Helmut Lachenmann abre uma conferência em Donaueschingen com a afirmação «Die Musik ist tot», – a música está morta. A radicalidade desta afirmação encontra na voz do compositor o estabelecimento directo de contraponto com uma das afirmações mais fracturantes de Friedrich Nietzsche, «Gott ist tot» – Deus está morto.” Na sessão desta noite, João Quinteiro apresentará “a teia de relações que Lachenmann estabelece, não só com o pensamento conceptual de Nietzsche, como a materialidade que esse pensamento assume enquanto determinante da função da obra na relação com o aparelho estético.”
Na próxima semana concluímos o ciclo “Música e outras áreas”, com Ana Freijo e “Uma hermenêutica do remoto” …sempre à quinta-feira, às 21h30, no Auditório do Museu Arte Nova (acesso pela Praça do Peixe).
[a partir do texto que será publicado no Diário de Aveiro de 19 de Março de 2015]