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Novembro em revista

Novembro foi um mês de agitação interna para a Arte no Tempo, que viveu uma espécie de verão de S. Martinho antecipado no início do mês, com a divulgação de resultados dos programas de apoio sustentado da Direcção Geral das Artes (DgArtes). A notícia de proposta de atribuição de apoio à Arte no Tempo para o quadriénio 2023-26 veio acalentar os dias chuvosos de outono!
Com este apoio, estamos agora em condições de cimentar o trabalho que temos vindo a desenvolver e pensar o futuro a longo prazo.

No rescaldo desta alegria, fomos partilhar a notícia com o público da nossa ‘cidade-mãe’, que no dia 5 de Novembro encheu o Auditório do Museu de Aveiro/Santa Joana para a segunda sessão ‘Que música ouvimos?’ desta temporada. Numa sessão que, em jeito de presságio, foi mais concorrida que o habitual, tivemos connosco João Figueiredo – músico aveirense que, além de saxofonista e professor, é também investigador em música.

Abrimos a sessão com uma subida ao segundo piso do museu para contemplar aquela que era também a sua “peça do mês” – uma representação de São João Evangelista, datada do séc. XVI, que José António Christo escolheu a pensar especialmente no nosso convidado. Seguimos com uma longa conversa a pretexto do percurso profissional de João Figueiredo, na qual houve também espaço para a partilha de memórias de juventude que se cruzavam com as de Diana Ferreira, que moderou a sessão.

Chegámos, é claro, ao momento de escutar e falar sobre a obra que João Figueiredo nos trouxe: o Quarteto para o Fim dos Tempos [1941], de Olivier Messiaen (1908-1992), uma das escolhas mais próximas do nosso tempo que já nos foi proposta nestas sessões. Da nossa parte, contrapusemos a obra Rainbow Dust in the Sky [2018], da italiana Daniela Terranova (1977), que será em breve interpretada pelo ars ad hoc. Terminámos a sessão com uma chávena de chá mais longa do que o habitual, fruto do numeroso público que esperamos voltar a receber em mais uma tarde de sábado no museu.

No dia 20 de Novembro, o nosso ars ad hoc regressou aos palcos com um concerto no Auditório de Serralves. Voltámos a apresentar o primeiro programa desta quinta temporada, interpretado em Outubro, em Castelo Branco (0501), com uma ligeira adaptação do repertório a esta sala mais exclusivamente dedicada à contemporaneidade. Com a formação de trio para clarinete (Horácio Ferreira), violoncelo (Gonçalo Lélis) e piano (João Casimiro Almeida), optámos pela apresentação de apenas duas obras, permitindo-nos acrescentar um breve momento de interacção com o público, a meio do concerto, que nos pareceu tornar a escuta mais acessível.

| ars ad hoc | © André Delhaye / Fundação de Serralves

Abrimos o concerto com Beyond [2006], de João Pedro Oliveira (1959), uma obra com electrónica fixa que, apesar da dificuldade nos ajustes de volume e equilíbrio entre os instrumentos acústicos e a disseminação da electrónica, beneficiou da excelente acústica da sala e da cuidadosa interpretação dos músicos. Após a escuta atenta desta obra, as luzes da sala subiram ligeiramente para que os intérpretes pudessem conversar um pouco com o público acerca das obras escolhidas e de algumas das técnicas de execução instrumental utilizadas.

Este momento serviu também de transição e de contextualização à obra fundamental deste programa: Allegro Sostenuto [1986-88], de Helmut Lachenmann (1935), uma obra de extrema complexidade e dificuldade, que foi muito bem apresentada pelos músicos, tanto na conversa com o público, com a exemplificação de alguns excertos e explanação da estrutura da obra, como na sua interpretação musical.

[28.11.2022]