O mês de Abril ficou marcado pelo surgimento de um novo projecto que vive do diálogo cruzado das artes performativas com diferentes matérias, uma organização da Arte no Tempo com o Município de Paredes que ocupou o primeiro fim-de-semana do mês, na Casa da Cultura de Paredes e na Fundação A Lord em Lordelo.
O primeiro dia foi dedicado à consciencialização sobre o longo percurso que ainda há a fazer até se poder falar de paridade em matéria de direitos e género. Essa tarde do sábado, 2 de Abril, teve início às 16h30, com um debate aberto aos presentes, protagonizado por Catarina Furtado e Beatriz Meireles, vereadora do Município de Paredes para a Acção Social, Cultura e Turismo, no qual intervieram diversos elementos da plateia.
O ars ad hoc– o projecto de música de câmara da Arte no Tempo que tem sido maioritariamente desenvolvido por homens– apresentou, logo de seguida, um programa de música de compositoras dos séculos XIX a XXI.
Solos, duos e trios preencheram o programa interpretado por Horácio Ferreira (clarinete), Gonçalo Lélis (violoncelo) e João Casimiro Almeida (piano), com partituras assinadas por Louise Farrenc (1804 – 1875), Fanny Mendelssohn (1805 – 1847), Clara Schumann (1819 – 1896), Nadia Boulanger (1887 – 1879), Clotilde Rosa (1930 – 2017) e Clara Iannotta (1983) – desta última, um trio em estreia nacional. Obras tão válidas como as dos seus mais célebres maridos (como no caso de Clara S.), irmãos (como no de Fanny M.) ou simples contemporâneos foram escutadas na Casa da Cultura de Paredes.
O sábado havia sido passado na Casa da Cultura de Paredes, enquanto no domingo as actividades tiveram lugar na Fundação A Lord, começando com uma conversa confortavelmente informal durante a qual se deveria reflectir sobre o modo como nascem os projectos artísticos, com o músico, professor e investigador Nuno Aroso, o actor e encenador João Reis e o escritor Gonçalo M. Tavares.
As conversas, já se sabe, são como as cerejas e, em ambiente menos formal, é muito fácil deixarmo-nos enredar pelo prazer das palavras. Mesmo com pouca informação sobre o modo como nasceu A Fog Machine e outros poemas para o teu regresso, a plateia pareceu entusiasmada com o resultado que lhe foi dado fruir, provavelmente, a melhor apresentação pública deste projecto tão singular.
[30.Abril.2022]