Sob a triste novidade do falecimento de Jean-Claude Risset, Rui Dias vem esta semana ao Museu Arte Nova falar sobre o seu trabalho.
No início desta semana, vimos partir uma das figuras essenciais da música por computador. O compositor francês Jean-Claude Risset (Puy, 13.Março.1938 – Marselha, 21.Novembro.2016) marcou, como poucos, a comunidade musical, não apenas pela importância da sua obra pioneira, mas também pela pessoa singularmente generosa e de humor inteligente, sempre atenta e curiosa, que foi.
Risset destacou-se no trabalho de síntese sonora por computador e na sua aplicação musical, sobretudo através da ilusão e paradoxos musicais, de que é exemplo o famoso glissando “Shepard-Risset” (que a Google terá utilizado como som para “reconhecimento mútuo” nas suas inovadoras viaturas). Foi também um apaixonado pianista, cuja sensibilidade se manifestou de forma insuperável na composição.
Em Setembro de 2015, passou por Aveiro juntamente com John Chowning, a convite da Arte no Tempo e da Universidade de Aveiro, onde difundiu, entre outras, The other Isherwood (2015), peça para electrónica em suporte fixo, em 8 canais, a que John Chowning se referiu como “obra poderosa com uma forte referência literária- música em que o som electrónico constitui um hábil compêndio das suas próprias técnicas e processos musicais desde o início”.
É ainda abalados pelo desaparecimento desta pessoa fabulosa, que a todos marcou como exemplo muito positivo, que voltamos a reunir no Museu Arte Nova, dando seguimento ao ciclo que iniciámos em Outubro com o compositor Ricardo Guerreiro (que, com a facilidade das mentes brilhantes, falou de forma extraordinariamente simples de questões relacionadas com a composição que muito poucos chegam a conseguir equacionar).
O convidado desta semana (24 Novembro) é Rui Dias (Braga, 1974), investigador que, além de momentos em festivais e encontros internacionais que partilhou com o saudoso mestre, enquanto coordenar do Curso de Música Electrónica e Produção Musical teve a honra de receber, em 2015, a visita de Jean-Claude Risset na Escola de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco (onde ensina desde 2005).
Licenciado pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (Porto), Rui Dias apresenta-se regularmente como compositor e programador nas áreas da música electroacústica e da criação de sistemas musicais e multimédia interactivos, em Portugal, Itália, França e Brasil. Mestre em Multimédia pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, frequenta na mesma instituição o programa doutoral em Media Digitais UT Austin / Portugal. Esta sua passagem por Aveiro servir-lhe-á para partilhar algumas reflexões sobre a importância do seu interesse na electrónica e em sistemas digitais interactivos enquanto formatos de expressão e criação musical.
O “Círculo das 5as” regressa em Janeiro, na última quinta-feira do mês, com o compositor Jaime Reis.