A 5ª edição do Festival Itinerante de Percussão, que terá lugar em Braga, será a primeira em que, a par dos solistas profissionais (professores das 7 instituições portuguesas em que é ministrado curso superior de música com a área de percussão), dois jovens solistas promissores dividirão o palco com os seus mestres.
De entre propostas apresentadas no âmbito da chamada para jovens percussionistas, foram escolhidas as de João Pedro Lourenço e de Afonso Primo, que estarão na Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, nos dias 28 e 29 de Dezembro.

João Pedro Lourenço propõe-se interpretar música de Enno Poppe (1969) e de João Pedro Oliveira (1959). Do compositor alemão, Lourenço dará a escutar Fell [2016], uma obra que vive da exploração da complexidade polirrítmica. Interpretará ainda Vox Sum Vitae [2010], obra para vibrafone e electrónica que João Pedro Oliveira escreveu para o professor de J. P. Lourenço, Nuno Aroso.

Com a sua proposta, a que deu o título de Eyes Wide Open, Afonso Primo “questiona o estabelecido conceito de obra musical, em particular no que diz respeito a uma classificação “clássica” da instrumentação, assim como das acções do instrumentista.” As obras que se propõe interpretar são Rogosanti [1986], James Wood (1953), e de Vinko Globokar (1934), ?Corporel. Segundo Afonso Primo, “Rogosanti é central no repertório para percussão. Por entre peles, madeiras, metais ou a própria voz, o músico desenvolve em Rogosanti uma coreografia de grande virtuosismo e impacto sonoro.” Já ?Corporel, publicada em 2002, “não conta com a utilização das ferramentas comuns do percussionista: não são usadas baquetas, estantes, partituras, ou qualquer corpo exterior que sirva de instrumento. O músico é o instrumento e, por entre divagações rítmicas, posições que remetem para o primitivo, seminal, o ouvinte poderá questionar-se se o que está a presenciar é, afinal, o homem, a arte ou o nada.”
[30. Outubro. 2024]