
No passado domingo, o ars ad hoc regressou ao Auditório de Serralves para um programa da responsabilidade do Serviço de Artes Performativas da Fundação de Serralves que assinalou o encerramento da exposição ‘Leonilson: Drawn 1975 – 1993‘.
“Leonilson (1957—1993) foi um dos mais destacados membros de um movimento da arte brasileira conhecido como Geração 80. Este conjunto de artistas celebrava a liberdade recém-adquirida com a queda da ditadura militar, em 1985, o que incluía a integração de posições de crítica social.
Um diagnóstico de SIDA, em 1991, veio marcar a vida de Leonilson. Decide então tornar mais pública a sua homossexualidade e intensifica o carácter autobiográfico e intimista das suas obras. Nas intersecções entre registos diarísticos, abordagens à temática do desejo e (homo)erotismo, questionamentos das verdades e das hipocrisias dos bons costumes bem como na advocacia da pluralidade, encontramos a dimensão política de um activismo cultural em defesa da diversidade e tolerância, crítico do preconceito e da normatividade.”
Neste contexto, o ars ad hoc apresentou um programa com música de compositores americanos que marcaram o reconhecimento de comunidades queer: “a ‘música orgânica’ de Julius Eastman contrasta com a provocação dos títulos de várias das suas obras, consonantes com a audácia com que assumia a sua identidade gay e negra; a música minimalista da compositora e percussionista Sarah Hennies, habitada pelas ressonâncias da sua investigação e identidade sociopolítica e psicológica enquanto mulher trans e queer; e uma peça de Pauline Oliveros, compositora fundamental na história da música de vanguarda cujas inovações radicais simultaneamente se enraizavam e alimentavam movimentos feministas, nomeadamente lésbicos.”

© André Delhaye / Fundação de Serralves

© André Delhaye / Fundação de Serralves
A João Casimiro Almeida coube reinventar a ambígua partitura de Piano 2 [1986], de Julius Eastman, com um resultado bastante lírico.

© André Delhaye / Fundação de Serralves

© André Delhaye / Fundação de Serralves
Com a colaboração de Nuno Aroso, Diogo Coelho e João Casimiro Almeida interpretaram uma partitura plena de repetições, de Sarah Hennies (1979) – a partitura mais recente em programa, Lake [2018], para violino, vibrafone e piano

© André Delhaye / Fundação de Serralves

© André Delhaye / Fundação de Serralves
Sem Nuno Aroso e com o violoncelo de Gonçalo Lélis, o ars ad hoc deu ainda a escutar Tree/Peace [1984], de Pauline Oliveros (1932 – 2016).



O ars ad hoc é apoiado pela Direcção Geral das Artes.
[23.09.2022]