Manuel Deniz Silva estará amanhã à noite em Aveiro (22 Janeiro, 21h30: Museu Arte Nova), conduzindo a segunda sessão do ciclo Música em Portugal no contexto da Arte Nova.
Iniciado na semana passada, o terceiro ciclo do projecto Omnia Mutantur dedicado ao período da Arte Nova contou com o Jorge Castro Ribeiro na sessão de abertura (15 de Janeiro), orientada em torno da experiência da audição musical do Orpheon Portuense numa alargada transição de século (XIX/XX).
Contrariamente ao anunciado, não é ainda Maria José Artiaga quem protagonizará a sessão desta semana. Impossibilitada nesta ocasião por um incontornável imprevisto, a musicóloga virá a Aveiro na próxima temporada, sendo agora substituída por outro excelente investigador que a Arte no Tempo havia já contactado no âmbito de outro ciclo.
Editor da revista Kinetophone: Journal of Music, Sound and Moving Image e co-editor da Revista Portuguesa de Musicologia, Manuel Deniz Silva é doutorado pela Universidade de Paris 8, com uma tese intitulada “‘La musique a besoin d’une dictature’: musique et politique dans les premières années de l’État Nouveau Portugais (1926-1945)”. Este notável musicólogo, que coordenou o projecto de investigação “À escuta das imagens em movimento: novas metodologias interdisciplinares para o estudo do som e da música no cinema e nos media em Portugal”, tem desenvolvido investigação sobre a música no cinema em Portugal, da introdução do sonoro ao fim da ditadura (1931-1974).
A Aveiro, M. Deniz Silva traz uma sessão sobre «A “mecanização” da música: tecnologias de gravação e culturas auditivas em Portugal no final do século XIX e início do XX».
«A invenção de tecnologias de reprodução mecânica do som, nas últimas décadas do século XIX, provocou uma crise radical das formas tradicionais de pensar, praticar e ouvir música. A progressiva invasão de espaços anteriormente silenciosos por sons gravados e mecanicamente reproduzidos não ocorreu de forma linear, tendo sido marcada por uma intensa negociação entre diferentes modos de apropriação das novas tecnologias sonoras, no quadro mais geral da mecanização do trabalho e da “electrificação das sensibilidades” (Ludovic Tournès).»
Manuel Deniz Silva conduzirá «um breve percurso pela história da introdução do som mecanicamente reproduzido em Portugal, desde a primeira apresentação do fonógrafo em 1879 até aos anos da Primeira Guerra Mundial. Procurará sublinhar alguns dos traços essenciais deste processo de transformação dos hábitos de escuta, e sobretudo o seu impacto na redefinição das práticas musicais públicas e privadas, com consequências tanto para as sociabilidades melómanas como para a formação de uma cultura urbana popular e massificada.»
Na próxima semana, com o apoio do Grupo Alboi, conta-se com a presença de Paulo Ferreira de Castro (29 Janeiro), concluindo-se este ciclo com Rosário Pestana (5 Fevereiro). …Sempre à quinta-feira, às 21h30.
[a partir de texto a publicar na edição de 22 de Janeiro do Diário de Aveiro]