Com a presença de muitos pequenos aspirantes a músicos no Teatro Aveirense, o terceiro dia da bienal Aveiro_Síntese 2022 foi repleto de emoções. De manhã, Tiago Coimbra revelou aspectos essenciais sobre a escrita para oboé, demonstrando as potencialidades do instrumento e, sobretudo, revelando uma total abertura para alargar os limites do oboé através da experimentação e da pesquisa de novas possibilidades.
A tarde foi preenchida por alunos (e professores!) da Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Aveiro. Depois da agitação dos ensaios com palco cheio, o espectáculo começou com Rafael Neves a estrear Electrhorn [2022], de João Pedro Oliveira (1959). Logo a seguir, Marta Domingues (2000) apresentou a sua peça acusmática Brincar de Pensar [2021], seleccionada no âmbito da rubrica Música em Criação, logo após a qual se fez a estreia da versão integral do Coro dos Pequenos Cidadãos [2021], de Mariana Vieira (1997), numa interpretação do coro dos 5º e 6º anos de escolaridade da Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Aveiro, preparado e dirigido por Ângela Alves e João Carlos Soares.
E o primeiro fim-de-semana da bienal de electroacústica termina hoje com um recital de vibrafone e electrónica protagonizado por um vibrafonista que fez em Aveiro a sua formação inicial. Às 18h30, Jonathan Silva apresenta-se na Sala Estúdio do Teatro Aveirense com um programa maioritariamente composto por música de compositores portugueses para vibrafone e electrónica, com a assistência de Nádia Carvalho na informática musical.
Tendo iniciado os estudos musicais no Conservatório de Música de Aveiro, Jonathan Silva é formado pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE, Porto) e Conservatório de Estrasburgo, tendo ainda estudado na Hochschule für Musik Detmold (Alemanha) durante um semestre, ao abrigo do programa ERASMUS.
Timpaneiro da Orquestra Clássica do IPP, membro fundador do NoMad Duo e do projecto Apophenia, Jonathan Silva integra a lista de reforços das Orquestras Filarmonia das Beiras e Filarmónica Portuguesa, entre outras. Apresenta-se regularmente a solo, em música de câmara e em orquestra, tendo já colaborado com agrupamentos como Remix Ensemble Casa da Música, Drumming – Grupo de Percussão, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Clássica do Centro, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orchestra Internazionale d’Italia.
Na bienal Aveiro_Síntese, Jonathan Silva faz a estreia absoluta de uma obra que encomendou a Solange Azevedo (Póvoa de Varzim, 1995), ‘obsessed clouds II’ [2022], a par da interpretação de obras de João Pedro Oliveira (1959), Igor C. Silva (1989), José Alberto Gomes (1983) e Karlheinz Essl (1960).
Após o concerto, é possível visitar a instalação ‘Reverse-side’ [2021], de Joanna Bailie, assim como ‘insomnia hyperacusis’ [2022], de Carlos Santos.
A Aveiro_Síntese – projecto da Arte no Tempo produzido em parceria com o Teatro Aveirense, que conta com o apoio da Direcção Geral das Artes e da Câmara Municipal de Aveiro – regressa a público na próxima quinta-feira, com outro programa de percussão e electrónica, com Nuno Aroso e o seu CLAMAT – colectivo variável, com a mítica ‘Mikrophonie I’, de Stockhausen (1928 – 2007), a par de música de Simon Steen-Andersen (1976) e Joanna Bailie (1973).
[22.05.2022]