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Raquel Camarinha com a Orquestra XXI

RaquelCamarinha6 Paul Montag

Raquela Camarinha (1986), soprano que soma diversos prémios internacionais e que desde cedo se destacou pelas suas qualidades vocais e pelo empenho com que se dedica à sua actividade, participa na 2ª digressão da Orquestra XXI, interpretando a Orartória da Páscoa BWV 249 de J. S. Bach.

 

RaquelCamarinha6 Paul MontagQuando acabaste a licenciatura em Aveiro, foste para Paris. Escolheste a cidade, a escola (Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris – CNSMDP) ou o corpo docente?
Sem dúvida os três. A minha ida para Paris foi muito motivada pela minha vontade de desenvolver um repertório contemporâneo e de criação, e a reputação e currículo do CNSMDP, assim como as suas ligações com o IRCAM e a Cité de la Musique foram significativos. Mas creio que Paris no Outono foi a responsável final pela decisão: é uma cidade magnífica, com uma actividade cultural extremamente rica.

O teu repertório estende-se do Barroco ao Contemporâneo. Com qual sentes maior afinidade?
Normalmente sinto mais afinidade com o repertório que estou a trabalhar no momento; a verdade é que o que me fascina é poder passar de um período a outro: nas semanas antes desta residência com a Orquestra XXI estive a preparar um concerto com obras de Furrer, Dusapin e Aperghis e estava excitadíssima. Esta semana, sinto-me muito feliz por estar a cantar Bach. Não poderia escolher só um período ou repertório, talvez só Mozart tenha um estatuto especial nessa escolha.

 

O que te interessa mais: ópera ou música de câmara?
Mais uma escolha difícil de fazer. Creio que ambas são complementares. Sem dúvida que a experiência de palco é imprescindível na formação de um cantor, mas há no repertório de câmara uma ligação com a música e o texto que é difícil de obter numa produção de ópera.

 

RaquelCamarinha Marie-Noelle Robert
Orlando Paladino, Haydn – Teatro do Châtelet | © Marie-Noëlle Robert

 

O que mais te motiva na interpretação de um papel em ópera?
A dimensão teatral, poder ser outro no tempo e espaço de um espectáculo. Faz-nos crescer como artistas, como cantores, mas também como pessoas. E como no repertório de câmara, há personagens que se trabalham durante toda a vida e que evoluem connosco.

Que projectos tens para a próxima temporada? Qual deles consideras mais estimulante?
Na próxima temporada tenho já programadas várias produções de ópera: entre outras, Mitsou, de C-M. Sinnhuber (estreia mundial); o papel de Elisa em Il Re Pastore, de Mozart, no Teatro do Châtelet, que será seguramente um projeto com muita exposição; Le Guitarrero, de Halévy, uma ópera quase desconhecida sobre uma aristocrata portuguesa(!). Juntam-se vários concertos em duo canto-piano com o pianista Yoan Héreau, com quem trabalho regularmente, em Paris e Salamanca e outros projectos com orquestra, nomeadamente um ciclo de concertos Haendel com o Concert de L’Hostel Dieu.

 

RaquelCamarinha4 Paul MontagUm regresso a Portugal é uma possibilidade no horizonte?
Um regresso definitivo a Portugal é neste momento muito complicado, sobretudo por razões profissionais. Quero crer que uma melhoria da situação económica trará um desenvolvimento cultural importante, mas infelizmente penso que será um processo longo e difícil. Entretanto, não posso deixar de “ir regressando”, como nesta temporada para concertos como os promovidos pela Orquestra XXI ou um recital no Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim.

Como encaras a ideia de cantar com uma formação inteiramente composta por músicos portugueses da mesma geração?
Com uma grande, grande alegria, por constatar que existe toda uma geração de músicos profissionais jovens, talentosos e cheios de iniciativa espalhados pelo mundo a contribuir para uma imagem muito positiva de Portugal. E uma grande alegria também por poder regressar ao meu país e trabalhar em Português.

Alcácer do Sal, Abril de 2014