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Novembro 2025

Iniciámos o mês no segundo fim-de-semana (sábado, 8 de Novembro), no Museu de Aveiro / Santa Joana, na companhia do poeta Luís Serrano (1938) enquanto convidado da sessão Que música ouvimos? (8 de Novembro).
A abrir a sessão, José António Christo apresentou-nos, numa nova perspectiva, o painel de S. Domingos, trazido da Capela de S. Domingos para o Auditório do Museu.
Respondendo pela terceira vez (e última, diz) ao desafio de partilhar um pouco da música que ouve, Luís Serrano falou da sua afinidade com o Concerto para violoncelo de Dvořák, a propósito do qual escreveu um poema que leu aos presentes. Ana Cancela respondeu com “Cello playing – as Meteorology” [2021], para violoncelo com 2 arcos, da compositora australiana Liza Lim (1966).

Mais curto em termos de actividades públicas, o mês de Novembro continuou com a abertura de uma chamada para compositores para a criação de um quarteto de cordas que será estreado pelo Fabrik Quartet, no âmbito do primeiro Tubo de Ensaio de 2026, mas também com a realização de uma audição comentada pelo ars ad hoc, no Teatro Aveirense, na tarde de 24 de Novembro, para uma turma do Agrupmento de Escolas de Eixo e outra do ensino profissional, da Escola Secundária Mário Sacramento.

A chegar ao final do mês, publicámos o episódio 45 do podcast Vortex Temporum (“If we get what we want, what will it sound like?“), antecipando a estreia nacional do Quarteto de cordas 2.5 “Playing with seeds” [2017] do mesmo compositor, George Lewis (Chicago, 1952), que o ars ad hoc levou a cabo no último fim-de-semana, no sábado, 29 de Novembro, no Museu de Serralves.
Além de Professor no Departamento de Música da Columbia University, Lewis é director artístico do International Contemporary Ensemble e co-editor e co-autor do livro “Composing While Black: Afrodiasporic New Music Today.”
Obra camarística de extrema dificuldade, o referido quarteto de cordas relaciona-se com uma investigação conduzida pelo antropólogo Paul Richards ao longo de trinta anos, em que estudou o cultivo de arroz em agricultura itinerante (que Richard compara à improvisação musical, pela experiência, intuição e conhecimento requeridos).

Tal como as experiências realizadas com sementes em pequenas parcelas de terra na aldeia de Mogbuama (Serra Leoa) resultaram no surgimento de novas e mais resistentes variedades de arroz, também neste quarteto de cordas Lewis ”cultiva” música a partir de “sementes” que desenvolve em novas “variedades” através de trajectórias de registo e fluxo temporal (aumentação / compressão). Para o compositor, “o envolvimento com esta obra (como toda a escuta) constitui uma forma de nomadismo”.

A presença do ars ad hoc no Museu de Serralves veio a propósito da exposição Provas Materiais, que encerraria no dia seguinte, e que, além do quarteto de George Lewis, deu a escutar ainda, também em estreia nacional, o trio Hold [2019], de Pascale Criton (1954), e a peça para violino amplificado e electrónica Purfling [2012], de Malin Bång (1974), em duas diferentes salas do museu.

📷 André Delhaye / Fundação de Serralves

[01.12.2025]