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Edgar Varèse

As obras de Edgar Varèse (Paris, 22. Dezembro. 1883 – Nova Iorque, 6. Novembro. 1965) dos anos 20 e 30 eram agressivamente bastante mais “modernas” do que os de quaisquer outros compositores, devido à importância que os sons percussivos assumem na sua obra, assim como à complexidade rítmica, à estridente dissonância e à liberdade da forma de desenvolvimento que lhe são inerentes. Já nessa altura, Varèse antevia novos meios que lhe permitissem realizar as ideias que, até então, não poderiam passar de sonhos, e que viria a conretizar na música electrónica.
Quando os gravadores de fitas se tornaram acessíveis, nos anos 50, Varèse cria duas das primeiras obras de referência de toda a música electrónica até aos nossos dias (Déserts, para orquestra e fita, e Poème Electronique, para fita solo).
Estudou com Roussel na Schola Cantorum, e Widor, no Conservatório de Paris. Depois seguiu para Berlim onde privou com Busoni, cujo “Sketch for a New Aesthetic of Music” muito o influenciou, Hofmannsthal (de cujos Oedipus e Sphynx, Varèse criou a ópera), e Strauss (que lhe proporcionou a execução do seu poema sinfónico Bourgogne).
Em 1913 regressa a Paris, deixando a maioria da sua música em Berlim, onde foi destruída pelo fogo.
No final de 1915, embarcou para os Estados Unidos e estabeleceu-se em Nova Iorque como compositor e maestro. Entre os anos 1918 e 1927 escreveu seis grandes obras  orquestrais e para orquestra de câmara. Nelas empregou as memórias da música que o impressionara na Europa – Débussy, um Schönberg atonal, e um Stravinsky da Sagração e de Petrushka, excedendo os seus modelos através do seu vigoroso desejo pelo novo.
Ideias melódicas evitavam implicações harmónicas, privilegiando a insistência numa única nota (como acontece em Intégrales e em Hyperprisme). A consituição de acordes é ditada por uma saturação cromática e, particularmente, pela necessidade de dissonância estridente.
As suas “massas sonoras” são postas em jogo, numa constante mudança de combinações.
Entre 1928 e 1933 regressou a Paris, onde continuou a sua exploração de novas fontes. Escreveu Ionisation, para orquestra de percussões, e usou dois dos novos instrumentos de Martenot em Ecuatorial.
No final dos anos 30, e pelos anos 40, já de volta aos Estados Unidos, sonha com um trabalho no qual pudesse envolver vários executantes espalhados pelo planeta, em diferentes estações de rádio (Espace). Durante este período não conclui obra nenhuma, mantendo-se activo na procura da produção de som organizado.
No início dos anos 50, retoma a composição escrita com Déserts. Em 1953, a oferta de um gravador de fitas permite-lhe usar música em fita. Todavia, depois de Déserts e do Poème Electronique,  não terminará mais nenhuma obra. Nocturnal (um dos seus projectos não electrónicos dos últimos anos) foi concluída postumamente pelo seu aluno Chou Wen-Chung.

(Dezembro 1999)