
Emmanuel Nunes (Lisboa, 31. Agosto. 1941 – Paris, 02. Setembro. 2012) começou a aprender solfejo aos 14 anos. A partir dos 18 estudou Harmonia, Contraponto e Fuga, com Francine Benoît, na Academia de Amadores de Música. Entre 1962 e 64, estudou particularmente com Fernando Lopes-Graça. Participou nos cursos de Darmstadt em 1963/64/65, tornando-se especialmente importantes para a sua formação os cursos de Henri Pousseur e de Pierre Boulez. Fixou-se em Paris, onde se preparou isoladamente para a entrada nos cursos da Escola Superior de Colónia. Em 1971, obteve o 1º Prémio de Estética do Conservatório de Paris. Nesse mesmo ano é apresentada em público a sua primeira obra, Purlieu. Foi bolseiro do Ministério da Educação Nacional (70-74). Em 1977, Ruf é estreado em Royan e depois tocada em Donauschingen. No âmbito do programa DMD, foi compositor residente em Berlim (78-79). Dirigiu seminários de Composição na Escola Superior de Freiburg e na Universidade de Pau. Recebeu encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian, Radio-France e Ministério da Cultura de França. As suas obras foram apresentadas em festivais como os de Royan, Donauschingen, Ars Musica e Encontros Gulbenkian. Em 1980 a Radio-France organizou uma Journée Emmanuel Nunes. Desde 1981 orienta seminários de composição na Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1982, realiza uma conferência na Universidade de Harvard. Em 1985 orienta um seminário no IRCAM sobre o tema L’Atitude Instrumental. Neste mesmo ano Ruf é tocado em Itália, por ocasião da Bienal de Veneza, e Tif’ereth é estreada em Paris. Em 1986, orienta dois seminários nos Cursos de Verão de Darmstadt, e a sua obra Wandlungen tem a primeira audição nas Jornadas Musicais de Donaueschingen. Foi professor de Composição na Escola Superior de Friburgo entre 1986 e 1991. Foi professor do Conservatório Nacional Superior de Música de Paris desde 1991, trabalhando regularmente no IRCAM desde 1988.
Foi homenageado como figura central em diversos dos mais importantes festivais de música contemporânea.
Catálogo parcial de obras
Obras para Orquestra
- Seuil, para grande orquestra (1966-67);
- Fermata, para orquestra e fita magnética (1973);
- Es webt, para 13 instrumentos de sopro e 21 instrumentos de corda, dirigidos por 2 maestros (1974-75, revisto em 1977);
- Ruf, para orquestra e fita magnética (1975-77);
- Tifereth, para 6 instrumentos solistas e 6 grupos orquestrais, dirigidos por 2 maestros (1978-85);
- Nachtmusik II, para orquestra (1981);
- Stretti, para 2 orquestras e 2 maestros (1982-83);
- Quodlibet, para quarteto de cordas e orquestra (1992);
- Chessed IV, para quarteto de cordas e orquestra (1992);
- Machina Mundi, sobre textos dos Lusíadas de Luís de Camões, e da Mensagem de Fernando Pessoa, para 4 instrumentos solistas, coro, orquestra e fita magnética (1991-92);
- Musivus, para orquestra (1998).
Música de Câmara
- Degrés, para trio de cordas (1965);
- Esquisses, para quarteto de cordas (1967/revisto em 1980);
- Un calendrier révolu, para grupo de câmara (1968);
- Purlieu, para 21 instrumentos de corda (1969-79);
- Dawn wo, para 13 instrumentos de sopro (1971-72);
- Omens I e II, para flauta, clarinete, trompete, trombone, viola, violoncelo, harpa, vibrafone e celesta (1972);
- Impromptu pour un voyage, para trompete, flauta, viola, e harpa (1973);
- The Blending Season, para flauta,viola, clarinete, órgão electrónico e 4×2 modulações de amplitude (1974-75/revisão em curso);
- Impromptu pour un voyage, para flauta alto, viola e harpa (1974-75/revisão em curso);
- 73 Oeldorf 75 – I, para 3 fitas magnéticas estéreo ou fita magnética de 8 pistas e dois órgãos eléctricos ad libtum (1975);
- Nachtmusik, para viola, violoncelo, corne inglês, clarinete baixo, trombone e modulações em anel ad lib (1977-78);
- Chessed I, para 6 grupos de Câmara (1977);
- Chessed II, para 6 grupos de câmara e orquestra (1979);
- Musik der Frühe, para 18 instrumentos (1980, revisto em 1984-86);
- 38 Sequências, para violino, 2 vibrafones, instrumentos de cordas e de sopro (1982);
- Versus I, para violino e clarinete (1982-84);
- Versus II, para eufónio e violoncelo (1985-95/inacabado);
- Wandlungen (5 passacaglias), para 25 instrumentos e electrónica ao vivo ad libtum (1986);
- Sonata a 3, para violino, viola e violoncelo (1986);
- Clivages (1ª parte), para 6 percussionistas (1987);
- Duktus, para 21 instrumentos (1987);
- Clivages (2ª parte), para 6 percussionistas (1988);
- Lichtung I, para violoncelo, trompa, clarinete trombone, tuba, 2 percussionistas e electrónica ao vivo (1988-91);
- Versus III, para flauta em Sol e viola (1990);
- Chessed III, para quarteto de cordas (1990-91);
- Rubato, registres et résonances, para violino, clarinete e flauta (1991);
Obras para instrumentos solistas
- Litanies du feu et de la mer I e II, para piano (1969-71);
- Einspielung I, para violino solo (1980);
- Einspielung II, para violoncelo solo (1980);
- Einspielung III, para viola solo (1981);
- Grund, para flauta e fita magnética de 8 pistas pré-gravadas (1982-83);
- Aura, para flauta solo (1983-89);
- Ludi concertati nº 1, para flauta baixo (1985);
Obras Vocais
- Voyage du corps, para 28 vozes, 3×2 modulações de amplitude e fita magnética (1973-74);
- Minnesang, sobre textos de Jakob Boehme, para 12 vozes mistas (1975-76);
- 73 Oeldorf 75 II, para 6 grupos corais e três fitas magnéticas estéreo ou fita magnética em 8 pistas (1976);
- Vislumbre, sobre texto de Mário de Sá Carneiro, para coro misto (1981-86);
- Omnia mutantur, nihil interit, sobre textos das Metamorfoses de Ovídeo, para coro e grupo de câmara (1996).
Discografia
Degrés, Impromptu pour un voyage I
Trio de cordas de Paris, Trio Debussy, J.-J.-Greffin
Diapason DIAP 25002-DPV PS CD 8734
Musik Der Frühe, Esquisses
Ensemble InterContemporain, Peter Eotvos; Quarteto Arditti
Erato ECD 75551
Litanies du feu et de la mer I – II
Alice Ader
Accord, ACCO-0242812
Litanies du feu et de la mer I – II
Madalena Soveral
DPV NUM CD 1007
Grund, Minnesang
Pierre-Yves Artaud; Groupe Vocal de France, Michel Tranchant
Adda – Radio France 58110 AD 184
Machina Mundi
Pierre-Yves Artaud, Ernesto Molinari, Gérard Buquet, Claire Talibart,
Orquestra e Coro Gulbenkian, Fabrice Bollon
Disques Montaigne-Auvidis MO782020 (1994)
Nachtmusik I, Degrés
Ensemble Contrechamps, Mark Foster
Accord, ACCO-0204392
Quodlibet
Ensemble Modern, Orquestra Gulbenkian, Kasper de Roo, Emilio Pomarico
Disques Montaigne-Auvidis MO782055 (1995)
Bibliografia
- 1997, “Selbsportrait” in Programa dos Donaueschingen Musiktage (Trad. francesa in 1992, Emmanuel Nunes, Paris: Festival d’Automne à Paris)
- 1982, “Grunddsatzliches und Spezielles”, in Programa dos Donaueschingen Musiktage
- 1985, “Grund” (publicado na ocasião de um seminário sobre A Atitude Instrumental), ARI/IRCAM
- 1985-1986, “Quasi une utopie”, Conséquences, pp. 40-44 (Trad. portuguesa J. B. A., “Quase uma utopia”, 1995, Arte Musical, nº 1, Vol. I)
- 1986, “Wandlungen”, in Programa dos Donaueschingen Musiktage (Texto retomado in 1992, Emmanuel Nunes, Paris: Festival d’Automne à Paris)
- 1989, “Notation-Souvenirs-Fragments”, texto integrado numa conversa com Philippe Albèra, in Karlheinz Stockhausen, Contrechamps – Festival d’Automne à Paris, pp. 16-17
- 1990, “Paráfrase Inacabada (à memória de Fernando Pessoa)”, in Arquivos do Centro Cultural Português, Vol. XXVII, Lisboa/Paris: Fundação Calouste
- Gulbenkian, pp. 247-251
- 1990, “A alquimia das leituras oblíquas”, in Programa da 1ª audição de Répons de Pierre Boulez em Lisboa, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
- pp. 31-37
- 1991, “Peregrinação”, in Les Cahiers de Pandora, nº 17-18, Especial Lisboa
- 1993, publicado em “Frangments d’un Discours utopique”, resposta a um questionário sobre o tema Utopia, Les Cahiers de L’Ircam, nº 4, Utopies,
- Paris: Ircam/Centre Georges-Pompidou, pp. 121-141
- 1997, “Un espace de temps”, in Wolfgang Gratzer (ed.), Nahe und Distanz, Nachgedachte Musik der Gegenwart, Wolke Verlag
sobre Emmanuel Nunes
- BIOTEAU, Alain. 1997, Intégration de l’espace dans les processus compositionels d’Emmanuel Nunes: lescas de Lichtung I, Tese de Musicologia, Ircam/EHESS
- DAUBRESSE, Éric. 1992, “Élements d’analyse technique: Lichtung (1992) d’Emmanuel Nunes”, in Cahiers d’analyse, création et technologie – documentation musicale, Paris: Ircam/Centre Georges-Pompidou
- FAUST, Wolfgang Max. 1979, “Im gesprach: Emmanuel Nunes”, conversa com Emmanuel Nunes, Berliner kunstlerprogramm der DAAD, Berlin
- GOMEZ-SCHNEEKLOTH, Antonio. 1991, “Quodlibet”, in Programa dos 15os Encontros de Música Contemporânea, Lisboa
- MACIAS, Enrique. 1989, ” Tif’ereth de Emmanuel Nunes: el esplendor emblemático del espacio”, conversa com Emmanuel Nunes, Arte, individuo y sociedad, nº 2, Madrid: Editorial de la Universidad Complutense
- 1991, “Emmanuel Nunes: um perfil”, in Programa dos 15os Encontros de Música Contemporânea, Lisboa
- 1991, “Passus (Esbozo para una aproximación al universo creativo de Emmanuel Nunes)”, Colóquio/Artes, nº 88, Lisboa
- RAFAEL, João. 1991, “Clivages e Duktus”, in Programa dos 15os Encontros de Música Contemporânea, Lisboa
- 1992, “Le développement fertile: une analyse de Wandlungen” (Parcialmente publicado in Emmanuel Nunes, Paris: Festival d’Automne à Paris)
- SZENDY, Peter. 1993, “Réécrire: Quodlibet d’Emmanuel Nunes”, in Génesis, nº 4, Paris: Jean-Michel Place/Archivos
- 1996, Avant-textes, textes, contextes: à partir du Quodlibet d’Emmanuel Nunes, Tese de Doutoramento em Musicologia, Ircam/EHESS
- SZENDY, Peter (org.) 1998, Emmanuel Nunes, textos reunidos, L’Harmattan, Ircam/Centre Georges-Pompidou
- ZENCK, Martin. 1997, “Emmanuel Nunes’ Quodlibet – gehort mit den Ohren Nonos”, in Nahe und Distanz, op. cit., pp. 154 e seg.
(última actualização: Dezembro de 1999; 2012)