Karen Power (1977) utiliza dois recursos primários na produção das suas obras: instrumentos acústicos e sons, espaços e paisagens sonoras do quotidiano, resultando em música para concerto, arte sonora, instrumentos expandidos, ambientes sonoros reais e imaginários e momentos multi-sensoriais, com o progressivo intuito de esbater a distinção entre o que chamamos música e todos os outros sons. Karen encontra inspiração no mundo natural e na forma como reagimos aos espaços que ocupamos, explora a nossa familiaridade com esses sons e espaços para chegar ao público; as suas obras desafiam a memória auditiva dos ouvintes, mudando simultaneamente o foco e apresentando novos contextos para tais sons.
Depois de se focar nos pontos em comum e nas particularidades da música acústica e electroacústica, com o objectivo de desenvolver uma linguagem que integrasse os pontos fortes de ambas, Karen Power concluiu o doutoramento em Composição acústica e electroacústica, no SARC (Sonic Arts Research Centre) de Belfast (2009), com o Prof. Michael Alcorn.
Desde 2012, a sua prática tem incluído elementos de gravações de campo. Como bolseira DAAD, iniciou uma grande investigação experimental, que gira em torno do desenvolvimento de partituras para os ouvidos – as suas ‘aural scores + parts’ – como métodos alternativos de comunicação com os músicos, no contexto de trabalho com sons/materiais de fora da tradição da arte ocidental. Esta abordagem permite juntar performers e locais/sons do ambiente, de modo a alterar temporariamente o desempenho/ambiente de escuta partilhado. Nesse período de cinco anos, Karen criou obras para ensembles, solistas e óperas/instalações performativas sem palavras, em várias salas.
Karen valoriza o tempo de desenvolvimento e tem feito residências como The Arctic Circle, The Banff Centre + Array Music, Canadá; The Guesthouse, Irlanda; UCDavis, Califórnia e, em 2015, um prémio DAAD, possibilitou-lhe uma residência de um ano em Berlim. Foi também compositora residente na Galway Music Residency, The Model Art Gallery + Music Generation.
Karen tem recebido encomendas da RTÉ Lyric fm, Bozzini Quartet, Irish National Symphony Orchestra, RTÉ Concert Orchestra, Klangforum Wien, SCAW, Carin Levine, Sonar Quartet, Ensemble Mosaik, ConTempo, Ultraschall Festival, Quiet Music Ensemble, MikroMusik, Music Current, NMD Festival, Retro Disco, Isabelle O’ Connell, entre outros. Tem ainda obtido vários prémios, nacionais e internacionais, e representado a Irlanda em diversas ocasiões, mais recentemente com o seu string quartet @ ISCM, Beijing +, no International Rostrum, com a sua peça para violino + Arctic Ice. As suas instalações e o seu interesse por gravações de campo têm conduzido a sua música por diversos géneros e meios de arte, incluindo video, dança, filme, pintura, escultura e vidro. Essa abordagem de cruzamentos disciplinares permitiu-lhe apresentar a sua música em espaços como galerias, parques, igrejas, armazéns e até uma prisão, que permitem ao público escolher como e onde ouvi-la.
Alguns dos seus mais recentes projectos incluem uma apresentação com a Other Minds label + Quiet Music Ensemble, de três obras de larga escala. Language Land Sea é uma nova peça encomendada por Lore Lixenberg, que conjuga a voz humana com a natureza, através de som e imagem. …Antarctica calling…listen… é uma nova peça para a RTÉ Concert Orchestra + Antarctica, que apela a que reconsideremos o nosso domínio nos locais mais remotos, com estreia no New Music Dublin 2023.
Karen é uma improvisadora que se tem especializado em usar sons e lugares do ambiente e do quotidiano como catalisadores da construção de novos espaços sonoros. Apresenta-se quer como solista, quer como membro de agrupamentos com notáveis artistas, como Pauline Oliveros, David Toop, Mazen Kerbaj, Quiet Club, Strange Attractor, Ute Wassermann e John Godfrey.
Como educadora, Karen dá palestras a tempo parcial no ensino superior, mas está especialmente interessada em criar nova música e sons com crianças, em oficinas que permitem às crianças explorar, criar e apresentar as suas próprias composições, sem restrições monetárias ou de classe. Desenvolveu um programa para a infância – Natural Creators, que aproveita e desenvolve as tendências naturais e intuitivas das crianças, num ambiente seguro, por meio da improvisação, escuta e performance.
Desde 2017, Karen Power é a presidente do Sounding the Feminists, um colectivo que pugna pela igualdade na música em toda a Irlanda.
[última actualização: Novembro 2023]