11 a 21 de Dezembro de 1998
Na sequência do I Festival de Música do Século XX de Aveiro, a presente edição das Jornadas Nova Música mantém a mesma preocupação de viver o nosso tempo. Viver a música feita por artistas que partilham connosco o presente, por aqueles que vivem connosco as inovações científicas, sociológicas, filosóficas e artísticas.
Na viragem para um novo século consideramos importante por um lado, manter a abertura adequada para acolher as novas ideias, a nova música, os novos intérpretes, e, por outro lado, celebrar e divulgar a inesgotável fonte de conhecimento que é todo o repertório do século XX.
Mantivemos a mesma estrutura de formação e de divulgação através do já conhecido Estágio de Interpretação de Música Contemporânea, onde os intérpretes mais novos vêm tomar contacto com as novas linguagens, proporcionando-se um trabalho de conjunto entre os jovens instrumentistas e os jovens compositores; das Conferências e das Master-Classes que pretendemos serem um espaço aberto a diálogos enriquecedores e troca de experiências; dos Concertos quer de solistas, quer de grupos de câmara, que nos permitem tomar um contacto directo com a música segundo a interpretação de alguns dos melhores profissionais, e também de alguns dos mais jovens interpretes ávidos de vivências artísticas contemporâneas.
Este ano inauguramos um intercâmbio cultural e artístico com a vinda de jovens músicos de uma universidade estrangeira. Este novo elemento, ao qual pretendemos dar continuidade, permite-nos o contacto com diferentes culturas e diferentes linguagens que julgamos serem da maior importância para o crescimento e maturidade de todos os músicos. Mas, não desviamos a nossa atenção dos nossos jovens músicos – futuros responsáveis pela continuidade da música do nosso tempo – e do público que não desistimos de cativar para o nosso tempo com a música que fazemos. Continuamos com o projecto do primeiro festival acreditando ser possível transformar este lugar num espaço de diálogo e de uma troca de experiências que pretendemos enriquecedora.
Queremos que as Jornadas Nova Música sejam um local privilegiado para a audição e para o debate sério e crítico da música.
A Organização
Programa geral
Dia 11, Sexta-feira
{slider=21h30 | Recital por Pedro Carneiro, marimba}
I Parte
- Roberto Sierra, Bongo 0
- Nigel Clarke, Tangaroa 2)
- James Dillon, Todesengel (1996) 2) *
- Diana Ferreira, Sketch from a clouded sky (1998) 1)
II Parte
- Graham Fitkin, CUSP 1)
- Sara Carvalho, Solos II (1998) 1)
- João Pedro Oliveira, Crazy Mallets (1998) 1)
- Brain Ferneyhough, Bone Alphabet (1991) 2)
1) estreia absoluta
2) 1ª audição em Portugal
* com Lindsay Cole, clarinete
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Dia 12, Sábado
{slider=21h30 | Recital por Orest Shourgot, violino}
I Parte
- A. Nortementof, Atrani
- H. M. Bartel, Bach
- Tapeo Nevanlinna, Over the Bright
- Orest Shourgot, E S D Des1)
II Parte
- Bela Bartok, Chaconne
- Alfred Schnitke, a Paganini
1) 1ª audição em Portugal
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Dia 13, Domingo
{slider=21h30 | Concerto pelo New Music Group da Universidade de York}
- Louis Andriessen, Zilver (1994)
- Tim Bowman, Hebdomad (1997) 1)
- Kerry Andrew, Memo to my love sleeping (1998) 1)
- Marian Ingoldsby, Deuce (1998) 1)
- Ralph Blackburn, Ready for the laughing gas (1998) 1)
- Marie-Angelique Bueler, Event one (1998) 1)
- Adam Micklethwaite, Quirang (1998) 1)
- Sara Carvalho, Blows Hot and Cold (1997) 1)
1) 1ª audição em Portugal
O presente concerto engloba obras dos mais jovens compositores da universidade de York, bem como uma obra de um compositor holandês já conhecido.
flauta | Anna Harper
oboé | Louisa Carr
clarinete | Jenny Kirkwood, Rossetta Robinson
trompa | Andy Saunders
trompete | Hugh Ferris
tuba / direcção | James Williams
percussão | Brian Postlethwaite, Joel Moors
piano | Ralph Blackbourn
violino | Emily Hall, Lottie Adams, Jo Small
viola | Alison Cambell
violoncelo | Laura Moody
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Dia 14, Segunda-feira
{slider=18h00 | Conferência por Aires Pereira}
OLIVIER MESSIAEN: UM DIÁLOGO COM A CULTURA GREGA
A obra “Traité de Rythme, de Coleur, et d’Ornithologie” expõe detalhadamente alguns dos conceitos helénicos acerca do ritmo, do tempo, harmonias e sistemas que O. Messiaen explora, primeiro numa especulação conceptual e, depois, aplicados à análise de obras suas.
Esta comunicação tem como objectivo apresentar as relações entre a música helénica e sua recepção em Messiaen.
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{slider=21h30 | Recital por José Pereira de Sousa, violoncelo & Álvaro Teixeira Lopes, piano}
I Parte
- Luís Costa, Sonata op. 11
- Allegro Moderato
- Allegretto (scherzando)
- Adagio
- Allegro
II Parte
- Isabel Soveral, Anamorphoses IV (1998), para violoncelo solo 1)
- Olivier Messiaen, Louange à L’Éternité de Jésus
- Anton Webern, Zwei Stücke (1899)
- Langsam
- Langsam
- Anton Webern, Drei Kleine Stücke (1914)
- Maßige
- Sehr Bewegt
- Auberst Ruhig
1) estreia absoluta
José Pereira de Sousa [biografia]
Álvaro Teixeira Lopes [biografia]
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Dia 15, Terça-feira
{slider=18h00 | Conferência / Concerto por Virgílio Melo}
MÚSICA INSTRUMENTAL E A SUA RELAÇÃO COM A ELECTRÓNICA
A partir de três exemplos do seu trabalho, o compositor exporá uma reflexão sobre as relações entre o mundo instrumental e o mundo electrónico: especificidades, ligações e possíveis atitudes composicionais. Apresentação dos aspectos estéticos e técnicos de cada uma das peças.
Programa:
- Généalogies, para corne inglês e fita magnética (1991)
- Nó, para flauta baixo (1985)
- Autour, une fulguration, para clarinete contrabaixo, fita magnética e electrónica ao vivo (1992)1)
Ricardo Lopes | corne inglês
Jorge Correia | flauta baixo
Alain Sève | clarinete contrabaixo
1) 1ª audição em Portugal
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Dia 17, Quinta-feira
{slider=18h00 | Conferência por Jorge Castro Correia}
O INTÉRPRETE É UM HERMENEUTA
– A Multidimensionalidade da Música e a Formação dos Intérpretes
Com esta conferência, que constitui um prematuro relato de uma investigação ainda em curso, pretende-se discutir a pertinência de algumas dimensões envolvidas na performance musical, que são normalmente ignoradas ou simplesmente consideradas inefáveis no âmbito da pedagogia instrumental. A hegemonia da ideologia formalista invadiu toda a reflexão sobre a música e contaminou também o ensino da interpretação. É sintomático que a produção de métodos, de cadernos de exercícios, e, de uma maneira geral, de toda a literatura para qualquer instrumento, incida, quase exclusivamente, ou em aspectos técnicos, ou em aspectos da acústica instrumental, ou então, mais recentemente, em tácticas e estratégias para controlar melhor o corpo e combater a ansiedade e o medo de tocar em público; mas deixa num silêncio misterioso (ou, pelo contrário, entregue a uma adjectivação arbitrária e portanto insignificante) a questão fundamental de como ensinar a interpretar. Mesmo a imensa literatura sobre autenticidade estilística nos diversos períodos da história da música omite, de um modo geral, as referências ao investimento do intérprete, aos processos de trabalho e de transformação no seu imaginário que o levam a ser expressivo na sua interpretação… O recurso à exemplificação, às imagens sugestivas, aos gestos e a uma panóplia de adjectivos, ou, por outro lado, o recurso à análise estrutural são as maneiras mais usuais de abordar a questão da interpretação nas aulas de instrumento. Mas enfatizar unicamente estas dimensões leva a que, frequentemente, a interpretação seja imitação e não criação. O aluno imita um modelo mas não participa autenticamente no processo de criação, não chega a entregar-se para poder realizar uma interpretação, digamos, presencial …
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Dia 18, Sexta-feira
{slider=18h00 | Conferência por Ana Ester Neves}
A VOZ – INSTRUMENTO NO SÉCULO XX
Se a proliferação estilística destes últimos cem anos forçou os instrumentistas a rápidas adaptações técnicas e tímbricas, aos cantores foi-lhes imposto um tratamento inovador do seu próprio instrumento que envolveu um aumento de tessitura, de expressividade, a mestria de uma vasta paleta de efeitos vocais…
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{slider=21h30 | Recital por Joaquina Ly, soprano & António Chagas Rosa, piano}
I Parte
- Alban Berg, Sieben Frühe Lieder
- Arnold Schönberg, Canções extraídas do ciclo Bretll Lieder
- Galathea
- Mahnung
- Gigerlette
- Jeden das Seine
II Parte
- György Kurtág, Drei Alte Insehriften, op. 25
- António Chagas Rosa, Songs of the beginning
António Chagas Rosa [biografia]
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Dia 19, Sábado
{slider=21h30 | Concerto da Orquestra do Estágio de Interpretação, Aveiro}
Luc Brewaeys, direcção
I Parte
- Patrícia Sucena Almeida, Sexteto (1994) 1)
- Franco Donatoni, Spiri (1977)
II Parte
- Luc Brewaeys, Nobody Is Perfect (1996) 2)
- Ricardo Guerreiro, Grande Momento Elíptico (1998) 1)
- Luc Brewaeys, OBAN (1997)
1) estreia absoluta
2) 1º audição em Portugal
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Dia 20, Domingo
{slider=18h00 | Concerto da Orquestra do Estágio de Interpretação, Matosinhos}
Luc Brewaeys, direcção
I Parte
- Patrícia Sucena Almeida, Sexteto (1994)
- Franco Donatoni, Spiri (1977)
II Parte
- Luc Brewaeys, Nobody Is Perfect (1996)
- Ricardo Guerreiro, Grande Momento Elíptico (1998)
- Luc Brewaeys, OBAN (1997)
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Dia 21, Segunda-feira
{slider=21h30 | Concerto pela Oficina Musical}
Álvaro Salazar, direcção
Ana Ester Neves, soprano
I Parte
- Jacques Ibert, Deux Stèles Orientées *
- Mon Amante a les vertus de l’eau…
- On ne dit…
- Jésus Villa Rojo, Cantar con Federico (1986) *
- Ya te vemos dormida
- Tan, tan. ¿Quién es?
- Lento perfume y corazón sin grama
- Tu voz es sombra de sueño
- Hanns Eisler, Palmström
II Parte
- Franco Donatoni, Nidi II (1992)
- Jorge Peixinho, Lov II (1978)
- Alfredo del Monaco, Solentiname (1972/73)
Flauta – Vasco Gouveia *
Oficina Musical
flauta – Pedro Couto Soares
clarinete – Carlos Alves
piano – Franciso Monteiro
violino – Radu Ungarianu
violoncelo – Jed Barahal
percussão – Pedro Carneiro
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Estágio de Interpretação Nova Música
{slider=dias 11 a 21 de Dezembro}
Direcção do Estágio: Luc Brewaeys
A Orquestra de Câmara do Estágio de Interpretação de Música do Século XX é constituída por cerca de vinte jovens músicos provenientes de várias escolas do país. Foram seleccionados por um júri especialmente constituído para o efeito e, durante dez dias, trabalharam repertório completamente novo em conjunto com o maestro, professores e os jovens compositores.
Flauta | Carla Anjo, Nuno Couto
Oboé | Liliana Fernandes, Salvador Silva
Clarinete | Paulo Temeroso, Virgínia Figueiredo, Pedro Ferreira, Susana Pires
Fagote | Liliana Reis
Trompa | Marco Costa, Nelson Conceição
Trompete | Luís Calhanas
Trombone | Manuel Vieira
Piano | Sandra Caleiro, Yutaka Oya*
Percussão | Helder Roque, Isabel Silva
Violino | Isabel Carvalho, Elisabete Soares, Ana Mónica Gomes, Rodrigues Queirós
Viola | Jorge Alves*, Dírio Alves
Violoncelo | Contança Blanc, Fátima Neto
Contrabaixo | Nuno Rapaz
* músicos convidados
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Master Classes
{slider=Master Class de Flauta por István Matuz | dias 11 a 13}
9h30 – 13h00; 14h00 – 18h00
A master class será baseada em todo o repertório da flauta, com especial ênfase no séc. XX, focando em profundidade questões técnicas e acústicas do instrumento.
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{slider=Master Class de Violino por Orest Shourgot | dias 14 a 16}
9h30 – 13h00; 14h00 às 18h00
A Master Class incidirá sobre o trabalho específico com o repertório de cada aluno.
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{slider=Master Class de Clarinete por Alain Sève | dias 17 e 18}
dia 17 | 9h30 – 13h00; 14h00 – 18h00
dia 18 | 9h30 – 13h30
A Master Class incidirá sobre os seguintes assuntos:
- As propriedades acústicas do instrumento;
- Multifónicos, microtons, mudanças de timbre;
- Outras técnicas contemporâneas (Flatterzunge, respiração circular, slap, duplo staccato), notação, limites da interpretação.
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{slider=Master-Class de Clarinete e Composição por Alain Sève | dia 18}
15h00 – 19h00
Este seminário incidirá sobre as propriedades acústicas e as técnicas contemporâneas do clarinete como multifónicos, microtons, mudanças de timbre, a sua interpretação e limites.
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{slider=Master Class de Composição por Luc Brewaeys | dia 14 (manhã) e 16 (manhã)}
10h00 – 13h00
O seminário será baseado na análise e comentário de obras dos alunos participantes, bem como de obras do próprio compositor e outros (Jonathan Harvey, Iannis Xennakis, entre outros).
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Todas as actividades tiveram lugar no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, à excepção do segundo concerto da Orquestra de Câmara do Estágio de Interpretação (dia 20), decorrido no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos.
{tab=Agradecimentos}
Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro
Serviços de Acção Social da Universidade de Aveiro
Reitoria da Universidade de Aveiro
Hotel As Américas
Região de Turismo – Rota da Luz
Martelo Eléctrico
Café Palácio
William Birch and Sons
The Holst Foundation
The University of York Music Society
The Vice-Chancellor – University of York
TAP Air Portugal
Ministério da Comunidade Flamenga – Departamento Cultural
Embaixada da Bélgica em Portugal
Teka Portuguesa
Pizzarte
André Moreira
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{slider=Ficha Técnica}
Direcção Artística e Organização
Diana Ferreira, João Pais, Luís Pena
Gestão Financeira
Fundação João Jacinto de Magalhães
Design
André Moreira
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