14 e 15 de Dezembro de 2007
Dez anos decorridos sobre a primeira edição das Jornadas Nova Música (Aveiro, 1997)- um projecto que pretendia dar, com os meios possíveis, uma modesta mas séria resposta a um quase deserto nacional no campo da divulgação da arte musical contemporânea, bem como à, mais grave ainda, falta de oportunidades de formação na mesma área para jovens intérpretes e compositores-, eis que de novo nos reunimos, num outro contexto, para celebrar a música do nosso tempo e, com ela, intuir as transformações, mas também a essência da criação musical dos nossos dias.
Percorrido um caminho que associou ao projecto grandes vultos da cena musical europeia- como Emmanuel Nunes, Salvatore Sciarrino, Philippe Hurel, Beat Furrer, Pascal Gallois, Christophe Desjardins e Edwin Roxburgh, e músicos em início de carreira- como Pedro Carneiro e Jorge Alves, ou outros mais experientes- como Madalena Soveral e António Chagas Rosa, mas também dezenas de jovens estudantes que hoje trabalham como profissionais na área da música, surge este evento em que é precisamente a geração “Nova Música” que está agora em destaque. Mantém-se a vontade de fazer e partilhar música, de reflectir e discutir, de ouvir os mais jovens e estudantes, de cuidar com rigor o terreno fértil da criação, interpretação e divulgação.
Serralves foi um dos espaços que no passado acolheu o projecto e que marcou pelo arejado profissionalismo, respeito e dedicação. A ele regressamos, com um profundo agradecimento, trazendo um breve programa que reúne música instrumental, electroacústica, improvisação e electrónica em tempo real, num jogo contrastante de linguagens e estéticas variadas, proposta artística de um grupo de jovens músicos oriundos de Portugal, Alemanha, Espanha e Áustria, a que se associa a celebração de dois nomes maiores da criação musical contemporânea.
Também para John Chowning, um agradecimento sincero pelo apoio e motivação que, desde 1999, ajudam a manter acesa a utopia que Emmanuel Nunes reconheceu nas Jornadas Nova Música.
Para Karlheinz Stockhausen (22.08.1928 – 05.12.2007), um momento de reconhecimento da intemporalidade do seu trabalho.
A todos quantos tornaram possível este fim-de-semana, e sobretudo àqueles que nele participaram, a nossa cumplicidade neste viver da arte musical do nosso tempo.
Sexta-feira, 14 de Dezembro
{slider=22h00 | concerto 1: Endphase}
Endphase 13a
intervalo
Endphase 13b
O projecto Endphase é uma iniciativa dos compositores Alberto C. Bernal, Johannes Kreidler e João Pais. O objectivo principal do projecto é ultrapassar os conceitos musicais tradicionais (tanto estéticos como estilísticos e técnicos, caso tais fronteiras sejam separáveis), e criar um ambiente de trabalho onde várias ideias, conceitos e procedimentos possam ser realizados.
O projecto foi iniciado em 2004, seguido de uma apresentação pública no mesmo ano, na Escola Superior de Música de Friburgo (Alemanha). Desde então, foram realizadas performances em diferentes países (Alemanha, Hungria, Holanda, China, Espanha) e contextos (concertos completos ou parciais), incluindo festivais especializados de música contemporânea como os cursos de Darmstadt ou um concerto num refeitório universitário. Os laptops são usados para a produção sonora e processamento (ocasionalmente junto com fontes sonoras externas), e vários tipos de periféricos são usados para o controle da execução (MIDI, joysticks, pedais, microfones de contacto, tablets). Cada Endphase é construída de um modo flexível durante o período de trabalho, no qual vários modelos, ideias e processos são discutidos pelos três membros e ensaiados individualmente e em grupo. A execução em concerto é a última fase do projecto, a fase final (Endphase), onde os materiais previamente preparados serão executados em público. Assim, o resultado não é uma improvisação do tipo de um discurso construído em padrões de acção e reacção, mas sim uma composição definida conceptualmente, que assume uma forma final em tempo real durante a improvisação. Após cada Endphase é atingido um ponto de chegada: uma performance individual não se torna repertório ou é repetida. Sempre que possível, as apresentações são documentadas, deixando apenas conceitos e métodos de trabalho, que poderão ser usados numa próxima Endphase. Devido à natureza do projecto, cada Endphase não é apenas uma peça única e irrepetível, mas também parte de um work in progress dividido no tempo.
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Sábado, 15 de Dezembro
{slider=14h00 | workshop pelo Endphase}
[Casa da Música – integrado no Digitópia]
Workshop sobre características da improvisação conceptual electrónica, por Alberto C. Bernal, Johannes Kreidler e João Pais.
Nesta workshop vão ser discutidos aspectos técnicos e estéticos da improvisação conceptual electrónica em tempo real, tendo em conta o âmbito do projecto Endphase em geral, e em concreto a performance executada na noite anterior, no Auditório de Serralves. Aos alunos interessados no tema é encorajada a audição da performance.
A língua falada no workshop será a inglesa.
Programa:
- síntese sonora
- técnicas de controle gestual
- ligação em rede e conceitos formais{/slider}
{slider=17h00 | mesa-redonda com compositores}
participantes | Luís Antunes Pena, Ricardo Ribeiro, João Pais, Tiago Cutileiro
moderadora | Diana Ferreira
Com o intuito primeiro de muito sucintamente dar a conhecer os compositores convidados e o trabalho realizado por cada um, o debate, que será precedido por uma apresentação individual, incidirá numa breve e informal análise dos percursos dos participantes, no contexto de um grupo que partilhou dum momento de formação que mais ou menos coincidiu no tempo e, em alguns momentos, no espaço.{/slider}
{slider=19h00 | concerto 2: electroacústica}
Gonçalo Gato, Imaginanimação Osmótica, para dois canais (2006) ca 5’
Rita Luzes Torres, Shaking Mendleev in Presence of a Guitar, versão para 2 canais (2004-05) ca 5’
Johannes Kreidler, RAM microsystems (2005) ca 7’
Jaime Reis, Phonopolis, para 2 canais (2003-04) ca 7’
Alberto Bernal, Stars and Stripes, para 2 canais (2007) 12’
John Chowning, Stria, para 4 canais (1977) 17’ {/slider}
{slider=22h00 | concerto 3: solistas}
flauta | Vera Pereira
clarinete | Bruno Graça, Hélder Gonçalves
violoncelo | Wolfgang Zamastil
João Pais & jef chippewa, breathe, electrónica (2003)
Luís Antunes Pena, “…Winterlich ruhende Erde…”, para violoncelo solo (2000)
João Pais & jef chippewa, breathe, electrónica (2003)
Tiago Cutileiro, Estudo para flauta e clarinete (2007) 10’ (2 micros + ampl. + reverb)
Karlheinz Stockhausen, Telemusik (1966)
Ricardo Ribeiro, Intensités, para clarinete solo (2001)
João Pais & jef chippewa, breathe, electrónica (2003) {/slider}
Exceptuando o workshop pelo Endphase, decorrido na Casa da Música, todas as actividades tiveram lugar na Fundação de Serralves.
{tab=Patrocínio}
{tab=Apoio}
{tab=Agradecimentos}
Bruno Graça {/tabs}
{slider=Ficha técnica}
Jornadas Nova Música (1997 – 2001)
projecto de Diana Ferreira, João Pais e Luís Antunes Pena
Jornadas Nova Música – 10 anos
organização Arte no Tempo / Diana Ferreira & Dinis Pais e Sousa
Design de identidade
Catarina Lélis (2001)
Design de comunicação
Rita Brandão (2007)
Webdesign
João Martins {/slider}